O CORTE
As árvores do jardim da nossa casa estavam precisando de corte, enquanto não chegavam as chuvas de janeiro. A mais velha delas tinha trinta e quatro anos e media vinte e dois metros.
Com o perigo de desabar os galhos mais pesados sobre o telhado, resolvemos chamar especialistas em podar grandes árvores. Telefonamos para o Corpo de Bombeiros e foi marcado o dia. Chegou uma equipe composta de um sargento e dois ajudantes, devidamente preparados.
Recomendo que não cortem muito baixo e, por fineza, não toquem nos brotos mais novos, somente nos galhos mais altos e secos.
Saio para o super mercado e demoro cerca de duas horas.
Qual minha surpresa, ao chegar em frente a casa e a Acácia, com cachos de ouro, não tinha uma só folha. Somente o esqueleto a contemplar as demais árvores que foram salvas graças á minha presença.
O choque foi grande. Desabei num choro compulsivo. Sentei na varanda, sem consolo, sem reclamos pelo mal feito e chorava, chorava...
O ajudante desceu da escada e disse para o sargento:
“Nunca vi uma mulher rica chorar tanto por folha de pau e tu Toinho já viu uma coisa dessa?”
“Deus que me livre de trabalhar pressa gente. Parece que folha é melhor que nós, credo!”
Faço o pagamento dos operários especializados e fico pensando nas palavras ditas.
No mês de dezembro nossa casa estava linda com a Acácia repleta de flores amarelas. O dono da casa a fotografou com os olhos de artista e guardamos para sempre no nosso coração, imagem da beleza exuberante que a natureza nos presenteou.