Canto para mim mesmo
Não sou bom e nem mau, sou um monstro delicado
Todavia, queria ser como as árvores e as flores
Como os peixes, os répteis e os cães abandonados
Pois eles ignoram o mal e,
São indiferentes à miséria, ao desprezo e a ganância
Aonde quer que eu viva ou morra,
Não me sentirei alheio as mazelas da vida
Os transtornos do mundo me afligem
Afligem-me tanto quanto aos que sofrem
Aos desprezados pelas autoridades
Aos marginalizados e condenados pelo Sistema
Percebo, a cada dia, o resultado se distanciar
E a glória não é mais uma obrigação, isso é uma pena
Os negócios é que são, estratagemas
Resta-me cantar, cantar reminiscências...
... Cantar a exaltação do que a "pátria utópica" seria
Cantar em esperança como se canta um Salmo por dia
Assim, só assim abandono o espírito de rebelião e me acalmo
Quando nos encontrarmos pelas ruas, reverenciá-la-ei, juro!
E, nesse instante, desviarei o olhar, por prudência
Deixarei para ti, saber interpretá-lo por um instante
Nasci peixe, tornei-me humano, e com eles dialogo
Por eles mergulho fundo e diariamente me afogo
Só aprendi a presumir, digitar e me divertir só
Ouvir acordes, identificar tons e cores, alterar fotografias sem discrepâncias
A apreciar tintos secos e a convidar minha alma para descansar em revelia
E amei a mulher mais bela desse mundo... Pensando bem, ainda a amo!
Ah, essa mulher de brancos seios...
... Quanto aos anseios...
Há em demasia em cada célula e juntos
Viveremos uma aventura secular, por isso eu canto
Crescerá ainda mais o encanto e eu te amo, te amo tanto, tanto, tanto...
À Vinícius de Moraes