A busca




     Quando se fala sobre a história de uma vida, há também a história de muitas outras vidas que devem ser consideradas nela.
     São seres que se enlaçam e transcorrem do mesmo tempo se envolvendo e conhecendo detalhes de quase todo, ou, ao menos uma parte de um caminhar juntos. Não importando, no entanto se desse caminhar houve e se aprouve de algum tipo de satisfação.

     Um dia se decide que é chegada hora de partir. Deixar os antigos sonhos e ilusões criadas durante um longo tempo em que se permaneceu imerso ao que realmente se quer e se sonha em nosso íntimo e mais útopico desejo.
     Ficam estabelecidas as não conciliações, as dificuldades, as dores e a não persistência.
     Constata-se a falta de resistência quanto ao que se é imposto para que os sentimentos cresçam e amadureçam e seus frutos não sejam colhidos antes do tempo, nem tão pouco, quando já passados do ponto.

     Tudo transmuda: a pressa, a multidão que nos obeserva alheia ao grito que interiormente é lançado;  a compilação dos atropelos urbanos e as infinitas idas e vindas em busca de algo pelo qual não se "sabia" haver. Algo que ainda não se conhecia. Sem, no entanto, jamais deixar de acreditar-lhe a existência. Embora, o olhar já tivesse desistido de procurar, todavia, sem desanimar-se e desnudar-se de esperança, sagrada e vindoura chama.

     Ela, a sempre esperança, é sentimento essencialmente vital para que haja inspiração durante esse tempo curto de estadia a que chamamos "vida". E surge um sentir destacadamente superior a qualquer outro e que silenciosamente a alma dizia que estava lá. Que era precioso e seria necessário apenas buscá-lo.
     Foram-se, enfim, as tantas horas de angústia, de emoções erradas, gestos apressados e entregas fora de hora. Nada, absolutamente, gere mais do que a tristeza contígua na alma. A angústia de não encontrar esse “que”, o qual desesperadamente a alma busca, quando nem mesmo ao certo se sabe o que é e, onde dar início a essa busca; a essa constante e desesperadora procura pela luz.

     Em meio aos tantos desencontros com o próprio sentido (nosso sentido), entre às decepções, frustrações e desalentos, cria então, a alma, uma espécie de resistência. Endurece, quando na verdade, apenas em disfarce para enganar à própria dor. Fazendo-se parecer, por fora, uma casca seca, sem ânimo, sendo que no entanto, por dentro é nada menos que um manjar doce, delicado e pronto a ser degustado com todas as suas entregas.

     Em face desse inesperado re.encontro com o nosso "eu" guardado no outro, já não é totalemte impossível de acreditar que exista “ esse algo”, porém, a alma não se deixa amainar. Isso torna o caminhar difícil, pois, os passos tentem para um lado e o coração, a alma e o sentimento sabem que não é bem assim. E sabido haver um lindo caminho a seguir, no entanto, nem todos os jardins florescem à primeira vista. Faz-se necessário certo cuidado.

     O destino, tresloucado propõe o desvario; a loucura, a não razão. E de repente se percebe que os acontecimentos são na verdadade uma teia, muito bem amarrada, uma conspiração e que tudo foi detalhadamente tramado para que não aconteça o amor e, que as almas conservem-se eternamente em estado de solidão. Vazias de si mesmas e sem condições de viverem em suas plenitudes. É um verdadeiro e dolorido teste.

     Ir além é um sempre um temeroso desafio. Uma constante luta de resistência e força. E, só consegue quem não desiste nunca de seu coração e não mantém a alma cativa e atrelada às coisas d´onde não se constata razão e sabedoria, ainda que seja uma insana e alheia razão que não se deita às conspirações da utopia.
















AndreaCristina Lopes
Enviado por AndreaCristina Lopes em 23/11/2010
Reeditado em 19/07/2011
Código do texto: T2631447
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