Saudades sem lamento...

     Quando você se foi, levou consigo partes de mim que me eram essenciais. Jamais pensei em deixar-te, nem tão pouco me afastar de ti, mas, fomos consumidos pela falta de nos dizer o que sentíamos. Talvez por orgulho ou medo de amar, tenhamos deixado de viver o único amor que realmente tivemos o único bem que realmente importava.
     Fugi de ti e de todo as dores que me causavas. Hoje compreendo, que assim, fugindo do que sentia acabei deixando parte de mim dentro de ti. Restou-me o vazio, esses olhos tristes e essa expressão de incompletude, que ninguém entende. Meus olhos, esses sim, expressam claramente tua ausência. Quem os percebem sabe que nunca estão onde me encontro. Como se parte de minha alma estivesse vagando, desvairada, recusando-se a vir morar onde agora me encontro.
     Foi em nome do amor que sentia que me deixei à condução insegura de novos caminhos e, acabei me convencendo que seria feliz estando longe de tua vontade. Toda minha alma sempre foi sua. Quando furtivamente chegavas, depois de tantas ausências, eu, tão senhora das palavras e atitudes, perdia a fala e, jamais soube lhe dizer à falta que me fazias.
     Tenho notícias tuas e sinto que sofres. Não por mim ou por não se encontrar ao meu lado, mas, pelos caminhos que escolhestes e, as conseqüências danosas que a ti mesmo proporcionastes.
À noite quando me visitas nos sonhos, sito tua dor e descrença, como se também a mim pertencessem.
     Nada mais posso fazer. Nem ouvi-lo, dar-lhe colo, nem entregar-me voluntariamente aos teus braços. Resta-me sentir!
Guardando intimamente o segredo de ainda te amar, de jamais ter deixado de sentir, de querer para ti o bem que ao teu lado teríamos.
     Essas histórias de amores que não são mais possíveis são para os românticos que idealizam o que não podem ter que utopicamente sonham com Julietas, Teresas e tantas outras. Amores inadmissíveis e impossíveis de tomar forma.
     O nosso amor, esse sim, deixou de ser por escolha. Covardia minha inexperiência sua... Perdemos....
     E como grandes e desgovernados navios seguimos.