QUANDO SE ESVAI A POESIA

Quando se esvai a poesia

Murcham ledos sentimentos lidos

Tolhe-se a dor.

No contemplar do astro

Lança rastro interrompido e cego

Sem cintilo, sem imagem, sem o nada.

Quando se esvai a poesia

Parte de mim, falece comigo

Raiz às pétalas, desodorizam-se.

É triste, companheiro, é triste!

Quando se esvai a poesia

Exsuda o alto coxo traço de fleimão.

Pulveriza-se a cicuta, como forma de irmã

A tolerar as ojerizas e os cios

Não há nada a apreciar... não há nada!

Quando se esvai a poesia

Bestifica-se e se colhe cáustico fel

A vida, o colostro e o mel... emudecem.

Recorre-se ao espelho...

Mas, quando se esvai a poesia

Perde-se a essência... e, daí:

Morre-se por mais um dia

Grita-se no átrio silêncio

Torna-se amorfo ser e... ponto.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 24/11/2010
Código do texto: T2633908
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