Fogo e artifício

Crianças... Ouçam crianças!

A voz dos abutres... Vejam!

A cor dos répteis... Sintam!

O cheiro da alcatéia... Sofram!

A indiferença dos humanos... Busquem!

O amor celestial... Morram!

As mulheres da outra margem dizem-lhes:

Antes de morrer... Vivam!

Vivam conosco e esqueçam as mazelas da vida

A noite começa... Venham!

Venham agora, e vivamos todos nessa floresta urbana

Repleta de pântanos, crocodilos e abutres!

Juntos, não tornaremos comida dessas almas mundanas

Nossa união fortalece-nos, como gravetos unidos

Separados somos frágeis... Quebrar-nos-ão!

Facilmente, nos quebrarão na primeira investida

Isso foi-nos dito e repetido

Se, não cumprirmos o plano, nenhuma recompensa celeste nos servirá

Afinal, ao acordarmos, hoje

Por preguiça, desperdiçamos toda a manhã

Não tocou em nossa pele, o calor dos raios solares

Não beijamos o vento, não vencemos a gravidade

Passamos, em vigília, a noite toda atrás da porta

A noite toda... E isso tem um preço físico

Ah, ensolarada vaidade, ensolarada tarde

Até que um dia, far-se-á nublada nossa alvorada

E, acordaremos mais tarde ainda

Tenho certeza que acordaremos, apesar de, tarde

O Sol, entre nuvens não abrirá a passagem

As portas também não se abrirão

Tenho dúvidas... Abri-las-emos?

Do lado de dentro, há possibilidade de fortalecer o amor?

Amar, e amar em dois tempos?

Distintos... Amar como antes?

Como nunca antes?

Ou simplesmente amar...

*A lenda de Prometheu

Marciano James
Enviado por Marciano James em 26/11/2010
Reeditado em 04/04/2011
Código do texto: T2637159
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