E O VENTO RESPONDEU...

Desde que conversei com o Vento acerca das coisas do tempo

E senti, naquele momento, me aproximar de um belo Templo,

Que me levava às inspiradas devoções e inusitadas emoções,

Descobri que o Vento é livre e possui muitas e difusas vozes...

Foi num banquete divinal servido por sete Ninfas escorregadias

Que enchiam os olhos e promoviam o despertar de Eros

Servindo iguarias finas regadas a vinho e uma torta de nozes.

Então deixaram de ser iguais, as noites, e também meus dias.

Na matemática do amor, a soma foi alta, eliminando-se os zeros.

Não houve como ficar impassível diante de Ninfas tão vorazes

Que voavam impertinentes, invadindo todos os meus Sonhos.

A primeira, trajando fino vestido de tule azul celeste, chegou.

E diante de mim anunciou em som de trombeta seu Paraíso.

Extasiado ante a linda aparição; os sentidos se fizeram incapazes.

De esboçar qualquer reação, pra revolver os ecos medonhos,

Que o susto do convite ao Paraíso, ao céu do amor me levou.

E eu, já embebido no cálice da sedução, logo-logo perdi o siso:

E a Ninfa Azul, com o seu céu de poeta, quis desviar-me da meta!

Enquanto sonhava nos revoluteios sensuais daquela bela Ninfa

No instantâneo da emoção sou surpreendido com nova visão:

Surge uma Ninfa mais jovem, que abrindo uma enorme janela

Invadiu a sala de meus sonhos, esbanjando seu viço e beleza.

Esta Ninfa encheu-me a vista, com seu traje de cor amarela

Acenando-me com sedutora possibilidade, prometendo riqueza.

Quase enlaçado pelos ardis sedutores, resistindo disse: Não!

E a Ninfa Amarela, pela janela afora, tratou logo de ir embora...

Em poucos segundos já está na recepção de meu coração

Uma terceira Ninfa, insinuante, que vem em misterioso preto.

Descreve performances sensuais, e isto bem junto de mim.

A aura de mistério que envolve seu corpo mostra escuridão.

Fico extasiado, absorto por poder tão forte, e me intrometo

Nas graças encantadoras de uma sedução que não tem fim.

Mas a Ninfa, com seu jeito de mistério, deixa-me triste, sério.

Se ao seu redor gravitam estrelas, brilhos, quem sabe amor!

A Ninfa Preta traz vazio, buraco negro. Então expulso a dor.

Meu coração está em rebuliço com todas estas experiências.

Busco explicações, mas, de amor, que sabem as ciências?

Se as tais razões que o coração tem, até elas desconhecem?

Então me internalizo na procura de convincentes soluções...

Não tenho tempo para pensar, invade-me a Ninfa Violeta

Com a qual travo ingente e árdua batalha onde perecem

Muitos sentimentos pueris, encantos líricos, antigas emoções.

Ninfa lutadora, com arma em punho tem pacto com o Capeta.

Flor de cheiro forte, a batalha é árdua pra vencer a morte!

Depois desse momento cruel e burlesco de lutar pra viver

Eis que o sobressalto vem com a Ninfa que de vermelho

Invade o espaço de sonhar com o além, de amar e de querer.

O escarlate que domina o ambiente de onde a morte foi-se.

Sendo expulsa em sangrenta luta em que não senti a foice.

Era apenas sudorese, frio, lágrimas, sangue pelos poros.

E a Ninfa Vermelha, no ciclo de vida de uma fértil mulher

Acenava nos contrastes de morte/vida, um jeito qualquer.

De ao me envolver, enlaçar, minha’lma sempre aprisionar.

Parece que a trégua vem, com a Ninfa Verde que surgindo

Traz galanteios insistentes com seus anúncios de esperança.

E eu, sofrido e aflito, mirando as paisagens da Natureza

Quero abraçar de uma vez todos os meus sonhos de criança!

E ela descreve no ar de meus ideais os idílios bem-vindos

Para um coração que descrente já não mais enxerga a beleza.

Meus olhos acompanham a evolução da Ninfa; sua promessa.

E entendem a mensagem que tem: Ela propõe renovação!

Mas esta planta precisa de cultivo e meu coração tem pressa...

Mas o grand-finale está por vir, a sétima Ninfa entra triunfal.

Discreta, em estilo simples, afastando toda espécie de mal.

Trajando vestido branco, translúcido como água das fontes.

A Ninfa Branca, com seu jeito, vai derrubando os montes.

E eu, magnetizado, não refugio em devaneios, fixo o olhar.

Diante de mim: a vida, a pureza! Parece que estou a amar.

E ela promove uma limpeza, retirando todos os obstáculos.

E não tenho explicações, nem consigo fazer uns cálculos.

A Ninfa Branca me trouxe paz, fez tranqüilo meu caminhar.

Ah, Vento, és livre, sopras onde quer surpreendendo a gente.

Trazendo de todos os cantos, e todas as eras, Ninfas do Amor.

E qual controle que temos sobre os ventos que em nós batem?

Sem vê-los e sequer conhecer toda a sua textura, apenas sentir

O toque suave de sua aparição nas epidermes das emoções?

Se o Vento bate e vai sem conseguirmos aprisionar o instante

Assim como não se consegue engarrafar o perfume da flor.

A explicação não é palpável, corações que amam não mentem.

Encontram graça no simples fato de um para o outro existir.

Se minha conversa com o Vento me aproximou de um Templo

Onde Ninfas diversas passeiam fortes emoções ambivalentes

Vou me refugiar naquele que da Razão é Senhor, o Tempo!

Pra mostrar que as coisas do Amor não precisam de valentes.

Basta um coração amante, um sentimento regado com Água.

Líquido divino que a tudo empresta vida, verdade, viço e vigor!

Pois o Amor é puro, belo, sincero. Não se ressente com mágoa.

É estrada para o futuro, que acolhe com afeto o seu Viajor.

O Vento fala suave ao coração. Às vezes ruge forte como Leão!

Mas nas Vozes que o Vento trouxe em forma de Ninfas do Amor

Ouvi que o Templo era você, seu corpo estendido em devoção.

Fui descobrindo que seus seios eram as taças onde se serviriam

Como cálices o mel, doce mel, que só quem ama sente o dulçor!

E na medida em que me enrodilhava nas cordas do seu coração,

Canções se ouviam de Anjos, enquanto nossas faces sorriam...

Seu Monte de Vênus era o altar sublime de minha servil adoração.

Onde me curvaria silente para reverenciar esta expressão de fé:

Depois de amá-la verdadeiramente, diante da vida, fiquei de pé!

ALEX GUIMA
Enviado por ALEX GUIMA em 14/10/2006
Reeditado em 30/09/2023
Código do texto: T264267
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