toda terça

Eu estou cansada. Sem pingo de esperança. O suor pingando do rosto molhando as borrações das minhas prosas bestas. Porque moça nova era de ter esperança, hen? mas ela não me tem nunca. A diaba não sossega no meu ombro doído. E tem palavra doída saindo como um rasgo dilacerante, essa palavra lembra rinoceronte e rícino que é um rançoso peso de dá ar_dor, mas não é o peso que dói é a dor que pesa, pesadelo, pesadela também. Pisadela dói idem. E se tiver inflamado aí que dói de mudez e surdes, minha dor é muda-surda. Dor sem palavra é ainda pior. Escuta.

(Escuta mais nada, essas ladainhas, essas aliterações e assonâncias embrulham os olhos, a cabeça, o ouvido, uma chatura que perde o gosto, chega pô!)

Hoje é terça. Vou torcer pra que tudo dê certo. E toda terça era pra eu rezar um terço, mas não sei fazer essas rezações, sei só escrever forte de marcar o papel com a caneta com o lápis com a unha feito menino que está aprendendo a escrever, sabe como é?

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 07/12/2010
Reeditado em 17/12/2010
Código do texto: T2658841