Amor Desmesurado Amor

Não tenho palha a arremessar no lume... Não há palha!

Sou supremo na arte dócil e capitânia do amor. Sou mendigo nas estrelas que choram e almoçam suas lamúrias... Não há meio de se errar tanto. Não há!

Desço fictícia escadaria a singrar, sem rumo, no colégio donde dormem minhas aspirações em palanques. Estas, não são menos ermas... Não são.

Tenho minhas certezas em formas de pedras de gelo, que, quando cantam, evoluem no sentido ecológico da vida, e restando em meio à ilha do farol, tolas e parvas memórias, desgastadas pelos rios, todas efêmeras. Contudo, há na carona da sobrevida, um torpor digno da pungência mais ríspida e uma dor a fincar no zíper da saudade; um suador e um verdejante rancor.

Não sei das aragens que rolam sobre a adunca face; não sei do teor das geléias que roubam o sabor dos pães; não tenho o grave a deleitar-me com os bemóis e a se deitar, a só, com os semitons de pé na enseada.

Na laje da forca que aguarda e, antipática, ablui o bronze da lápide na qual o corpo amarelado irá, um dia, esparramar. Delírios são caviares banhados em manteiga rançosa.

E não haverá ramos de oliveiras nem sombras dos ipês a me anuviarem o sol. Perpetuar-se-á o conluio de imagens – entendam como fantasmas – a desmerecer toda uma pífia encarnação, em torno dum único enfeite: amar!

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 17/10/2006
Reeditado em 17/10/2006
Código do texto: T266686
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