despedida
Aquelas palavras me diziam um adeus, na teoria, indizível.
Mas seus olhos escuros berravam "venha".
E aquilo me perturbava e sugava tanto quanto a consciência do fato que ela iria embora. Ponto.
Ela iria embora. Querendo ela que eu aceitasse, ela mesma aceitasse ou a mosca parada na minha mão aceitasse, não importa. Ela iria embora.
Isso que adeus queria dizer? Era isso que eu havia temido por meses a fio? Havia me desvencilhado de dezenas de relacionamentos por isso e era essa a sensação?
Parecia mais simples amar um cachorro agora. Parecia mais simples ser calculista e racional.
Mas aquela não era eu. Não mais.
Lutando contra meus novos instintos de uma pessoa, por hora, eternamente passional, respirei fundo e, embora amargurada, dei um meio sorriso, assenti com a cabeça e enxuguei a unica lágrima que caíra.
"Você tem razão" Eu disse. "É melhor você ir."
E virei as costas negando dar continuidade à despedida.
Um dia ela (a despedida) virá a tona e me perseguirá, eu sei. Mas pelo menos não me culparei por ter conciliado com o adeus tão sofrido e antagônico daquela mulher que um dia eu havia decidido ver no que ia dar. Um dia eu havia pensado por um segundo sequer: "Por essa vale a pena romper a rotina".
Havia, por fim, não me arrependido.