''' A JANELA ``

Eu era aquele menino naquela janela, fraco, doente, que olhava a vida atraves da vidraca daquela janela e eu ``a `` via , menina linda e formosa, cheia de vida e de sardas pintadas em seu rosto como pintinhas de pintassilgos marrons, e voce corria, pulava, brincava , vivia a vida plena e cheia de entusiasmo e ansia louca por viver...e eu vivia por voce e voce era minha musa inspiradora...em voce eu me inspirava e minhas poesias criava...criava...criava...e em todas elas voce estava...e em nenhuma delas a dor rimava com o amor, era amor por amor....a dor estava em mim, e no mundo inteiro não havia lugar para a dor...so' em mim ela estava e em voce estava o amor.

Eu era aquele jovem moco que atraves daquela janela ainda a espiava...voce crescia, se embelezava, para a rua saia, flores vendia, galanteios ouvia, coquete 'a todos dava atenção,'a ninguem negava nada não, diziam, e eu sofria e um pouco morria, eu a queria e voce nem sabia que eu exisita...e minhas poesias e agora tambem minhas canções eu criava, eu a cantava agora em prosa e verso, dia e noite noite e dia, eu a amava, em silencio, atraves do vidro daquela janela...a casa era fria no inverno, quente demais no verão e eu preso ali com minhas dores e minhas poesias e minhas canções...e em tudo havia voce...so' voce.

Eu era aquele homem de meia idade ainda espiando , olhando voce crescer mais e mais em sua beleza divina, atraves agora, daquele velha janela com seus vidros ja' opacos e minhas vistas cansadas olhando voce na rua não mais vendendo flores e sim suas carnes , fresca carne ainda, cheia de vida e de vicios, se oferecendo por centavos e miseros dinheiros, vivendo, diziam, mais e mais ainda uma vida mais devassa ainda...mas eu ainda a queria, mesmo assim, devassa, perdida, eu a queria...voce para mim ainda era a linda menina sardenta de antigamente e muitas e muitas vezes o vento forte trazia o som de sua voz ate'a mim...eu mais um pouco morria e minhas poesias , canções de amor compunha, trovas, estrofes surgiam do nada, voce me inspirava e nunca me via....nunca olhou para cima , seus olhares olhavam para baixo diziam, diziam que voce era tudo que eu jamais poderia ter...mas eu a queria, queria, sabia que não a teria, não poderia te-la jamais...eu era aquele menino, moço e agora ja' quase velho que apenas a olhava daquela janela.....

***

Daphne, chegou esta caixa pelo correio para voce...

Caixa? para mim? de quem Nana`?...leia para mim quem e` o remetente, por favor Nana`...estou muito cansada, sem forças sequer para abri-la....cof..cof...cof....ai que morro Nana', que dores que sinto..meus remedios Nana', por favor Nana'...cof...cof...cof...vai ter que chamar o doutor de novo Nana'...não me sinto bem...acho que vou desfalecer Nana'...obrigada Nana', obrigada por cuidar tão bem de mim...

Tome Daphne, tome seu remedio...ja' chamei o doutor, ele logo vira`...posso continuar abrindo a caixa agora?

Pode sim Nana`....abra, abra logo...

São cadernos, rascunhos de poesias, canções, letras e musicas, muita poesia, muita musica e tem uma carta tambem, longa, extensa...quer que eu a leia?

Quero sim Nana`, quero sim...leia, leia logo

"" Eu sou aquele que devido a uma longa enfermidade, fiquei em uma janela vendo a vida atraves de voce, fui menino, moço e homem adulto e a vida atraves daquela janela passava 'as vezes devagar demais, outras rapidas demais, dependia de como voce ia e vinha ate' as vidraças daquela janela da casa onde eu , preso, morava...e eu crescia e voce crescia junto , meu amor por voce so' aumentava e voce nem me notava, mas nada disto me importava, e sim o que me importava era que uma noite chegava e voce se ia das ruas mas eu sabia que o dia voltaria e que voce nas ruas estaria e melhor de tudo...voce vivia em frente a minha janela....voce foi minha musa inspiradora, fiz letras de musicas, canções e poesias, descrevi voce em prosa e verso....são suas, fiz para voce, so' para voce..e agora que sei que estou indo, me sinto fraco e sem vida, receba esta caixa, mande publicar, fique rica...aproveite o dinheiro que isto tudo trara'...viage, compre boas roupas, boa comida, se cuide, se embeleze e passe sempre embaixo de minha janela e agora que voce sabe, olhe para ela, para o alto e quem sabe, com uma ajuda da eternidade nela voce me vera', te olhando, te espiando com amor, muito amor e.....

Daphe? Daphe?...socorro, me ajudem...Dina, Olimpia..me acudam aqui...Daphne, meu deus...ela parou de respirar, esta` branca, sem pulso.....ohhhhh não, não.....ohhhh...Daphne, minha menina, minha criança....não se va' tão cedo, fique mais um pouco..veja, veja, chegou esta caixa...tem poesias, musicas, canções dentro dela...voce vivia dizendo que ninguem a amava de verdade...veja...olha...alguem a amava Daphe...ohhhh meu deus...sem pulso? tem certeza doutor?....ohhhhh, minha menina se foi, se foi....

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.....e nunca se publicou nenhuma das poesias, das cançoes de amor, das trovas e das estrofes que tão lindamente falavam de amor...so' de amor....sem dor, ali naquela caixa a dor não morava nem muito menos rimava.....amor com dor?...rimar amor com dor pra que?...o amor e` muito maior que a dor...o amor tudo vence, o amor tudo ganha, o amor tudo pode...com o amor ninguem pode...sera'?....sei não, sei não....eu vejo o caso desta '' janela'' e fico pensando serio, com rugas na testa....sera'?...tantos desencontros, tantos.....ahhh!!! onde estara` agora aquele que ficava na janela espiando uma moça tão bela passar, passar... e ela? que nunca, nunca nem sequer olhou para a tal janela?...onde estara`?...ELE, ELA e aquela JANELA. ONDE???

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WILLIAM ROBERTO CUNHA
Enviado por WILLIAM ROBERTO CUNHA em 25/12/2010
Código do texto: T2691300