Antítese da Vida

Sombras arrastam minhas tolices

No papel higiênico da alma

Quem sabe não almoça há dias?

Quem cabe no dispor das tias?

A relembrar promessas de botecos;

Sonos em epígrafes graves, taciturnas e inócuas

Quantas vezes tenho de estar presente?

Ao sol que sai do sal, viscoso, porém dengoso

Apocalíptico rol das virgens que lambem os pratos

Das refeições, das afeições

Das composições aeroviárias duma alma terrestre

Um colostro a nutrir, um sapo, um cipreste;

Pensei ter inda cem anos de vida

Achei ser; finda bem mais que átimos, bem menos que raspas

Não lamento os nós desgovernados

Nado, apenas, sobre o leito do catre imenso, incomensurável

A me tolher os dias

A me cantar os pássaros

De bronze, de juta, de sisal

Donde brotam, tingem, caducam e se desprendem do cais as naus.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 20/10/2006
Código do texto: T269500
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.