Dor inox, tramontina.
Dor.
Dor é isso assim que dói.
Na gente.
Né?
É a expectativa do riso, da cócega, do prazer
Sendo esmagada pela agulha do tear da desgraça
Descosturando e recosturando aquele mesmo maldito ponto
e te lembrando e te remoendo e te reculpando matando rematando...
dor é isso.
E é por isso que dói.
Dói por conta da dor mesmo, mas também por conta do óbvio,
da verdade, da mentira, da dúvida.
Dói pelo acaso, pelo desarranjo
A dor é uma sílaba separada errado,
um hiato solitário, um ditongo decrescente.
A dor é um bocado de amor enferrujado,
Um punhado sangrento de piadas sem graça.
Dor é aquilo que dentro da gente grita quando há topada no pé.
Ou quando se perde um amor.
Dor é a ausência de felicidade.
Ou a constatação de acabar de perdê-la
Dor é um misto de apnéia, conjutivite e iogurte vencido.
Dor é inexprimivel , inexplicável, inexpugnável,
A dor é inoxidável: você chora, chora...
E ela não enferruja, não envelhece.
Não decanta, não empola, não zinabra,
não oxida,
não desagrava.
Dor é o desuso de viver.