“Um homem sozinho numa noite de temporal,
Numa esquina de rua, parado e com aspecto feliz,
Ou é maluco ou esta apaixonado”
- Berilo da Fonseca Neves (1889-1974) -

Quando conheci você, quis ser mais do que amigo, quis ser mais do que deveria ser. Não queria querer tanto, mas quis. Não quis por querer, aconteceu. Quis por adoração. Quis por amor, talvez por amizade..... Não. Jamais te quis por amizade. Sempre quis ser mais do que amigo e, amigo acabei sendo, mesmo sem querer. E sendo, restava fazer o quê? Ser teu amigo.

Compreendi que amizade e amor são sentimentos parecidos e antagônicos. Quem é amigo, amigo é. Quem ama, ama e espera ser amado. Mas como amar e ser amigo ao mesmo tempo? Como olhar para você todos os dias estar perto e ao mesmo tempo distante? Como saber do teu suspiro de amor, do teu querer do teu prazer, do teu entregar-se, não a mim, mas ao outro, que tem a tua amizade e o teu amor.

Tenho ciúmes deste homem que te seduz e que te faz sorrir, que depois do bar te leva pra casa, que tira tua roupa e suga teus seios, que lambe teu umbigo e que desce, que passa as mãos nas tuas carnes tenras, e quando te beija com avidez, procura tua língua degustando tua saliva, saboreando teus sabores. Que arranha as tuas costas, com as mesmas mãos que te acaricia, que diz coisas sem sentido sem perder o sentido da ação. Que entra sai e fica, que entra mais e mais. Que não para. Que segura o orgasmo beijando teus lábios, que te possui de lado e de bruços, que fica embaixo, em cima, em todos os lugares, que entra na frente, por trás, por cima, por tudo. Que diz obscenidades enquanto morde tua orelha. Que te ama no carro na escada, no elevador, no tapete, na cama, que não tem medo que a porta se abra de repente, e que não se farta de sempre te amar.

Tenho ciúmes deste homem que te ama tão, ou quase vorazmente quanto eu queria te amar. Eu sei que ele te completa, dentro e fora da cama. Deste homem que não conheço mas que bem conheces, deste homem tenho ciúme. É ele que te faz feliz, e se você esta feliz, eu também estou. E independente do amor que sentes por ele, e ele por você, saiba que eu ainda te amo, tanto que a dor que sinto já virou uma triste e indelével cicatriz.


Adão Jorge dos Santos
Enviado por Adão Jorge dos Santos em 21/10/2006
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