RECOLHO - ME...

No lusco fusco silencioso da noite,
onde os fantasmas começam a sair de suas
moradas sombrias, recolho - me qual ostra,
a alma triste, em sua concha, entre os escolhos
da agonia... Sim, agoniza de saudade, o coração,
sem que nenhuma piedade revele o destino
meu, que arrancou - te dos meus braços, de
repente, levando teu amor que era a seiva, o
néctar dos deuses a correr nas minhas veias,
dando - me vida e alegria de viver, no colorido
arco - íris de nós dois...
Percebo espectros rondando à minha volta...
São vultos negros com tentáculos famintos e
cujos nomes são saudade e solidão... Eu sei,
querem invadir meu coração, fazer morada,
aumentar meu desatino, lançar - me em grutas
negras, sepulcrais e ali, fechar - me para nunca
mais, mas meu espírito se rebela e grita:
Existe mais que um sonho, prá sonhar!
Entendo que não posso me entregar...
Tiro a poeira dos escrínios em abandono,
procuro alerta, ouvir a música do mar, o som
dos ventos no arvoredo a ciciar, e em minha
concha, deixo a luz da lua entrar...
(Levemente modificada= correção)