para onde vai o fogo

Ele que um dia se perde entre as esferas celestes e jamais volta. Aparece de uma reação química. Invisível, inventado, vermelho-azul translúcido fogo. A partir de uma centelha crepita e destrói sem critério quem se abolete em seu caminho. Banqueteia-se principalmente de efêmeros galhos fracos e folhas secas. Por um momento parece eterno e incomensurável. Mas passado o tempo de queimar o oxigênio disponível, escasseia pouco a pouco e simplesmente some, como se nunca houvesse começado. Para onde vai o fogo, não se sabe. Mesmo conhecendo o ciclo de vida e morte de cada um dos elementos que compõe seu corpo magnífico, ainda seria um mistério. Feito aquela coisa que dá na gente quando um dia encontra uma fagulha inesperada e acende, arde. Depois mingua assim e some. Misteriosamente, no vento.

Jan Morais
Enviado por Jan Morais em 30/10/2006
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