Eu te vi, Júlio Reny
Eu te vi, Júlio Reny. Tu ainda usa aqueles óculos escuros dos filmes dos anos 60, e teu rosto não esconde as feridas da tua alma. No case surrado tem teu violão modelo Elvis Presley, ou um modelo das tardes de outono de setenta e três. Cinza como os prédios daquele canto sujo da capital, Porto Alegre é teu lar, porque eu vejo isso nos teus passos, e tu caminha como se estivesse em casa. Ao encontro da janela pra jogar as cinzas do cigarro, junto com tuas frustrações. Ninguém te reconhecia naquela tarde, então tu podia caminhar com certo ar de tranquilidade. Mas atrás das lentes sei que bate um coração descompassado, e que teus sapatos surrados levam a poeira de mil lugares. Tua jornada não parecia simples, seguir a linha reta da calçada até o outro lado da rua, até dobrar uma esquina, mas esse era o espírito, e na desvantagem da vida tu passou e eu olhei pra trás e pensei:
"Eu te vi Júlio Reny.. o super herói existe enfim, não era ficção"