Amor que perdoa

Os tapas doeram. Talvez doesse mais na alma da garota do que no corpo do garoto. Traição não é coisa fácil de agüentar. Muito menos de se perdoar. Mas o perdão foi concedido ao traidor. Ela, frágil, não teve coragem de lhe abandonar. Ele ainda se pergunta se gosta mesmo dela. Dois anos fora de casa, fora do país. Sem namorada. Sem pais. Sozinho. Momentos de carência foram grandes. E nestes a carne para ele tinha voz mais alta. Para homem, segundo ele, não é fácil abster-se dos prazeres mundanos. Está no sangue, está na história. Homem que é homem não fica sem mulher. Ela agüentou. Agüentou as noites frias sem ninguém para aquecê-la. Agüentou o cinema, sozinha, sem nenhuma boca para beijar. Amor, o que ela não faria por ele?

Ele voltou, agora para ficar. A vida lá fora não foi fácil. O jeito era tentar viver por aqui mesmo. Ele voltou cheio de histórias, cheio de saudades. Descoberta a traição, eles brigaram. Ela chorou. De que adiantou todo o tempo que ele estava fora, uma vida de sacrifícios? Para ela, amor também era sacrifício. Ele já não pensava a mesma coisa. Os seus atos confirmavam isso. Ele tentou pedir desculpas, chorou. Ela não perdoou. Bateu nele. Talvez pensasse que através das bofetadas o ódio, a raiva, a tristeza se eliminassem. Ele deixou - na bater. Deixou-a falar.

Ela desabafa tudo. Das coisas não vividas. Da vida que estacionou. Da espera. E agora, ele volta. A volta tão esperada. Ele que sempre foi errado. Que nunca trabalhou direito. Que nunca estudou direito. Ela, que sempre trabalhou e estudou que amava tanto este homem, sentia-se desolada. Perdida.

Depois das brigas, gritarias e tapas, ela encontrava-se fragilizada. A alma estava partida. A vida parecia não ter mais sentido, objetivo. Queria que tudo acabasse naquele instante. Ele chegou perto, pediu desculpas novamente e a beijou. Ela queria, queria aquele beijo, aquele beijo que a fez sentir uma mulher amada. Um beijo cheio de lágrimas. Do beijo o corpo amoleceu. A rigidez que estava em seu corpo, que estava nos tapas, foi embora. Agora ela queria ser amada. Depois de tanto tempo sem vê-lo, sem senti-lo. Tudo o que queria era apenas entregar-se. Entregar-se mais uma vez ao amor.

Stephanie Darós
Enviado por Stephanie Darós em 07/03/2011
Código do texto: T2834147
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.