Amoroso Despertar

Sabia como ninguém fazê-la sorrir,

daqueles sorrisos meio-largos,

Que brotam quando bem querem

em um rosto tão inocente,

sutil, harmonioso. Um toque no nariz

um comichão danado,

Que como sem querer diz;

que a tarde avança,

E ela não se cansa de dedicar-lhe sorriso

como fiel aprendiz, daquela que lhe faz feliz,

E ao olhar atentamente, por trás de seus lábios

a visão dos dentinhos que ali iriam nascer

Imaginava consigo cuidá-los

até o mais avançar dos anos,

quando aquelas mãos pequenas mas determinadas,

alcançariam uma forma própria de cuidar deles

Enquanto esmiuçava-lhe cada palavra com ternura;

seus olhos brilhavam com autêntica perfeição

De alguém que a poderia compreender perfeitamente

Atravessado o meio-dia, seus pensamentos

já não se recordam, das noites em que quis sumir

dar as costas ao incerto, os sentimentos que vagavam à ermo,

meio termo do único desespero, de não ter nada e ninguém,

Os pensamentos já não tentavam pincelar

seus sonhos de esperança, pois ali ela estava

Morava em seus braços, com candura robusta

anjo sonolento, mar de sossego, doce vento.

E as lágrimas que outrora desciam,

como torrentes impenetráveis caminham

Para a foz da sua alegria, a menina que ela alimenta

entre as mananciais do seu corpo,

Que antes era local de desterro e solidão,

de suas ingênuas sensações

torna-se vertiginoso acalento,

que apraz a pequena dádiva por ela gerada

Bem perto de onde a agitação e a turbulência

se acorrentam, a placidez de sua menina a liberta, desperta

Nada é presente, o tempo somente

descansa, e sozinho se espanta

de ver que nem todos

dele dependem.

Márcio Diniz
Enviado por Márcio Diniz em 17/03/2011
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