Tudo começou tão suave e de forma tão doce que fui simplesmente entrando, como quem entra num jardim encantadoramente mágico, e vai caminhando sem medos por não haver nada além de belas flores.
E por lá passeei por dias e mais dias numa alegria infantil de uma criança que vai ao parque de diversão mais seguro do universo.
Por lá eu brinquei com o gramado e com a terra sem me importar se minhas roupas se manchavam.
Então o jardim que tinha uma luz que me pareceu eterna, começou a escurecer estranhamente.
Assustou-me que aquele jardim escurecesse assim do nada, mas como o conhecia pela luz anterior, ainda permaneci mesmo que um tanto assustada.
Quando se fez noite densa, começaram os uivos que não sabia de onde vinham e nem porque chegavam.
Aqueles primeiros sons ainda estavam distantes o suficiente para que não me apavorassem tanto.
Mas eles se aproximaram de tal forma dos meus ouvidos que precisei fechar meus olhos para não ver do que vinha aquele som assustador, assim permaneci imóvel diante daquele enigma sonoro.
Como qualquer criança ou adulto, houve um momento que por curiosidade abri meus olhos e me dei conta do que era o encantado jardim...
Descobri que de fato, era apenas um lamaçal onde cogumelos cresciam desordenadamente.
Vi muito claramente que ali estava uma criança brincando com uma fera.
Uma criança com o bicho homem e que horror inominável senti.
Fiz então o que qualquer criança faria; fui me afastando sem correr para não irar o bicho humano até me sentir longe, muito longe do que supus ser um jardim.