A Capella*
 
Não há nada além de um amor sem endereço,
Apenas um amor lançado no infinito espaço.
Almejo não mais que um eco de um astro no céu nublado.
Não carrego compassos, nem traço retas com regras estabelecidas.
Nem mesmo quero dizer as palavras corretas porque não alcanço a língua dos anjos.
Sou aprendiz em cada passo que posso me permitir sem adulterar minha essência.
Ninguém dita meus limites por que todos caminham por seus propósitos.
Não estou nadando em rios, mares e nem em lagos ou lagoas mágicas.
Há sim uma piscina e está vazia; o inverno veio aí...
As folhas outonais fizeram uma linda festa naquele cerúleo.
Queria ter laços forjados no aço, mas sabemos, é ilusão.
Cada um caminha sua existência sem saber realmente o motivo, mas por crer.
Se já não é o bastante para justificar meu amor, que fique sem objetivo, em aberto.
Talvez, e digo talvez, pois não sou dona de verdades que escapam da minha estrutura;
Então talvez a indiferença, o isolamento aconteça por solidão e muitas vezes ela é cruel!
- “Quem dentre vós podeis...”
Uma bondade sarcástica, uma amorosa mensagem irônica para que saibamos não ser tolo.
Partimos sempre de nossas visões condicionadas ao nosso gênero.
Um dia qualquer cada um expande sua capacidade por percepção e alcança o infinito.
A ninguém foi dado o poder de dizer que não é esta a minha esperança,
A força que me faz atravessar um caminho desconhecido para um propósito, o meu.
Que não se pense ter desvendado um grande mistério que se refira a mim;
Pois eu sou meu maior mistério, desvendar-me é meu caminhar constante e ininterrupto...
 
*Referente ao zodíaco e mitologia greco-romana