Abraça o teu peito

Ah, abraça o teu peito ofegante

E espera.

Virá, do longe, espetáculo tardio e ímpar,

Que dirá o que somos,

De onde viemos

E a que existência precedemos;

Porque nos lembramos, em sentimento,

O que vimos,

O que construímos -

E o que deixamos.

Límpido, o mundo? Talvez se fossemos menos audaciosos...

Que o Perdão nos escute,

Pois ainda erraremos muito

E saudaremos, descrentes, a nossa ausência,

Ao buscar, externamente, o fulgor que, em chamas,

Arde interno;

No peito, em segredo.

Abraça.

Abraça porque no outro tu és tu mesmo.

Tu és o que sente ali, no afago;

Tu és a resposta que a re-lação oferece;

És o reflexo de ti

No outro:

És o que és.