Betsabéia

Em rotineiro passeio pela sacada do palácio, caminhava o rei.

Compartilhava em seu íntimo, melancolia com tormentos particulares,

Quando, como sublime visão, avistou a linda mulher que se banhava.

Era jovem, portadora de natureza bela e aparência amável.

Quem sabe feita de propósito para cura de sua melancolia.

Ela levantou a cabeça eclipsando a lua que emergia por trás de si.

Seu corpo escultural deu formato a uma sombra incandescente.

A partir de então os pensamentos do rei se tornaram voltados para ela,

Vivendo entregue a desejo permanente do qual não conseguia se livrar,

Deixava-se conduzir por uma ânsia profunda e doentia de possuí-la.

Seus olhos vagavam sempre em sua direção.

O que era rotina virou desejo.

O que era desejo virou crime.

O que era crime transformou-se em arrependimento.

Uma aquiescência dolorosa de que ele não conseguiria se defender.

Laerte Creder Lopes
Enviado por Laerte Creder Lopes em 25/03/2011
Reeditado em 27/03/2011
Código do texto: T2870290
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