Betsabéia
Em rotineiro passeio pela sacada do palácio, caminhava o rei.
Compartilhava em seu íntimo, melancolia com tormentos particulares,
Quando, como sublime visão, avistou a linda mulher que se banhava.
Era jovem, portadora de natureza bela e aparência amável.
Quem sabe feita de propósito para cura de sua melancolia.
Ela levantou a cabeça eclipsando a lua que emergia por trás de si.
Seu corpo escultural deu formato a uma sombra incandescente.
A partir de então os pensamentos do rei se tornaram voltados para ela,
Vivendo entregue a desejo permanente do qual não conseguia se livrar,
Deixava-se conduzir por uma ânsia profunda e doentia de possuí-la.
Seus olhos vagavam sempre em sua direção.
O que era rotina virou desejo.
O que era desejo virou crime.
O que era crime transformou-se em arrependimento.
Uma aquiescência dolorosa de que ele não conseguiria se defender.