Por acaso

Um esguio corpo,

uns brancos cabelos.

E nós, os dois em pelo,

ansiando cada um

à encontrar seu porto.

Nem sei se nos merecíamos,

nas douradas manhãs,

nos ocasos dos dias;

algo por acaso, surgia

se nos bebíamos aos goles

ou nos arrancávamos

em pequenos pedaços.

Se nos engolíamos tudo,

naquela ânsia vã.

Que inocentes, não éramos,

naqueles nossos abraços.

Tão sós, tão juntos

em que cada um, adormecia

em seu próprio cansaço.