Recordando as quebradeiras de coco

O galo anunciava o amanhecer

Todos da cama pulavam sem dó

O fogo crepitava no fogão a lenha

A comida logo saia, também o café

Juntavam-se tudo e jogava num saco

Canivete afiado e uma finca pontiaguda

La si iam às mulheres e suas crianças

Trilhando caminhos mato adentro

Em busca da famosa palmeira

Chamado Babaçu, uma das fontes de seus sustentos

A meninada correndo ajuntava os frutos

Sacos iam enchendo

Lá si iam à beira de um riacho

A procura de pedras

Para quebrar a fruta

Vinha o Sol forte, vinha chuva

Mas as mulheres quebradeiras

Não desistia de suas tarefas corriqueiras

As crianças retiravam as sementes

E banhavam nos rios contentes

Ouvindo os cânticos dos pássaros

E as algazarras das lindas Araras

Quantas e quantas vezes

Elas feriam os dedos esmagando-os na pedra

E o finco furava as mãos das pequenas crianças

Suor descia pela pele como chuva abundante

O Almoço era arroz e feijão

E logo vinha a tarde, hora de voltar a casa

Traziam ao ombro de oito a quinze litros de castanha

Para vender na venda do Senhor José

Que era um mal- humorado português

E que vivia a lhes passar a perna

Pagando ninharia pelo fruto colhido

Era daí que elas retiravam o sustento

Para mais um dia enfrentar

A dor de nunca ter um vitém

E de ser consideradas um ninguém!

Eram assim as mulheres

Que na minha infância eu via

Bem lá pros lado do Rio Paranaíba

Onde em menina eu vivi

Bem aqui no Estado de Goiás

Lá pelos lados de Três ranchos

Hoje banhada pelo lago Azul

Cidade de encanto e saudades

Onde estão enterrados meus pais!

Rosa D Saron

2011

Rosa D Saron
Enviado por Rosa D Saron em 01/04/2011
Reeditado em 01/04/2011
Código do texto: T2883649
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