Rotas

Essas enormes avenidas que me recobrem o corpo...esses rios caudalosos que já cantei em tantos dias e em tantas noites seguidas...levam e trazem vida...acolhem nas margens uma imensidão de imagens...

Essa vida que brota exuberante em tons vermelhos faíscantes jorra como nascentes límpidas e escorrem silenciosamente cumprindo um itinerário régiamente traçado...

Mas o ar denso que adentra pelas narinas transita pesado...quase parado...se engasga reticente entre os jardins alveolados das minhas reservas ...enroscam na engrenagem...rangem...sibilam...abreviam a vida...

que ainda contente se esparrama petulante ...entoa lamentos serenos...faz serenata enluarada nessa dimensão imprecisa....como lâmina que escraviza e mata solenemente...cruelmente...

Vida que agita e se guarda aflita...percorre as linhas e curvas...pranteia e se lança...quase como vingança pelas fornalhas acesas que queimam incessantes, acessos cortantes...

Fecho os olhos e inalo silente...o pouco de vida que me é servido em doses miúdas...nas taças brilhantes ...que já não são fartas como antes...transbordam chorosas...e escorrem sem cor para vala comum...ou se espalham no vento sem aceno....

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 28/06/2005
Código do texto: T28885
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