Rotas
Essas enormes avenidas que me recobrem o corpo...esses rios caudalosos que já cantei em tantos dias e em tantas noites seguidas...levam e trazem vida...acolhem nas margens uma imensidão de imagens...
Essa vida que brota exuberante em tons vermelhos faíscantes jorra como nascentes límpidas e escorrem silenciosamente cumprindo um itinerário régiamente traçado...
Mas o ar denso que adentra pelas narinas transita pesado...quase parado...se engasga reticente entre os jardins alveolados das minhas reservas ...enroscam na engrenagem...rangem...sibilam...abreviam a vida...
que ainda contente se esparrama petulante ...entoa lamentos serenos...faz serenata enluarada nessa dimensão imprecisa....como lâmina que escraviza e mata solenemente...cruelmente...
Vida que agita e se guarda aflita...percorre as linhas e curvas...pranteia e se lança...quase como vingança pelas fornalhas acesas que queimam incessantes, acessos cortantes...
Fecho os olhos e inalo silente...o pouco de vida que me é servido em doses miúdas...nas taças brilhantes ...que já não são fartas como antes...transbordam chorosas...e escorrem sem cor para vala comum...ou se espalham no vento sem aceno....