O encontro de Friedrich Nietzsche com Charles Baudelaire

As coisas da Terra são ilusões

Em sua maioria ilusões fáceis de digerir

Mas, há também as ilusões que perturbam

Assim como há verdades que nos transtornam

Onde está a verdadeira realidade?

Nos sonhos, nas artes, no olhar do camponês?

Nas leis do parlamento ou nas ordens do Rei?

Talvez na arte, meu caro filósofo...

... Para que, diante dela, possamos nos erguer para contemplá-la

Ou até mesmo nos sonhos...

... Para que nós possamos nos alimentar dos nutrientes oníricos que nos distanciam da presença da Morte

É tão perigoso ver a totalidade das coisas, Charles

Os tons dos sons, das palavras, a altura da gargalhada

Sinta a maravilha que é estar vivo diante de um bom vinho

Inebriar-se com os terríveis espetáculos da natureza

E saiba:

Apenas dois puderam sentir o perfume que vinha do Jardim do Éden

Foi logo que eu saí Friedrich?

Não, foi um pouco antes de você chegar, Charles

O mensageiro trouxe aquela carta que você disse que rasgaria

Assim que se apossasse dela

Nem o conteúdo leria...

... Essa informação me fez ocultá-la

Uma forma de preservá-la, manter a verdade intacta

Mas, acabei escondendo-a

De mim mesmo

E agora, enquanto você sorri com a boca, Charles

Eu sorrio com os olhos

*Homenagem a Friedrich Nietzsche e Charles Baudelaire

Marciano James
Enviado por Marciano James em 07/04/2011
Código do texto: T2894673
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