Verso e prosa: João e Sebastião.

E quando na rua caminhava com o meu chapéu rebaixado assoviando uma nordestina canção

Passou bem perto a mim, o seu doutor meio molenga das ideais como nunca já vi antes, cabeça rebaixada igualzinho a meu chapéu, então lhe pus a mão no peito e lasquei-me a perguntar; tá com problema doutor ou o senhor tá passando má?

Falou-me meio aborrecido, de um negocio malsucedido que nem direito entendi , então eu lhe disse; sossegue seu doutor, a vida é assim mesmo, eu mesmo estou aqui assoviando minha musica preferida, mas estou com uma dor no peito que não me deixa sossegar e arde mais que ferida.

Então me disse o doutor; se seu problema é cardíaco, passe no meu consultório quem sabe não posso lhe ajudar,

Cardíaco que nada seu doutor, o meu negocio é sentimental, não tem nada a ver com estas coisas não, é que nesta vida não tenho nada, nem mesmo um sapato bom, e minha amada Maria está proibida de me ver, só porque sou lascado de pobre e não tenho onde morrer, seus pais lhe arrumaram um rico e bem vestido, assim como o senhor! Então desisti da parada e sofro esta grande dor. Mas diga seu doutor este negocio mal sucedido tem haver com um amor?

Rapaz nós estamos vivendo uma coincidência, pois comigo é ao contrário, sou rico, doutor e me visto bem, mas minha Maria não me quer e prefere um João ninguém, até agradei a família dando coisas valiosas e tratamento vip no meu consultório, mesmo assim ela prefere um alguém sem nada notório.

É seu doutor, nós estamos mesmo lascados, eu por ser amado e senhor por ser rejeitado,

Saí da frente da casa dela quando vi todos os presentes, e ouvi quando o pai lhe disse: João nunca vai poder lhe dar isso.

Ah! E seu nome é João?

Sim seu doutor e fui trocado por um tal de Mário Sebastião, mas eu vou indo seu doutor não vou mais tomar seu tempo, só me diga sua graça já que me contou seu desalento,

Chamo-me Mário, de sobrenome Sebastião, sou o pretendente rejeitado, trocado por um João.