Encontro de amor

Não é o encontro de dois corpos flamejantes apenas,

é o encontro de céus e terra murmurando o amor

que arrebata, que nivela dois, que renasce o tempo,

que busca as águas escorridas dos rios

dentro do mar de sonhos,

que traz de volta a fímbria ensolarada

em plena negritude acesa apenas pelo luar,

finda o frio de amor e a solidão de carinhos,

quando tu realizaste todos os sonhos

que em mim se esconderam.

Amor! sublime amor meu,

bem eu sei e tu também, que há no mundo inteiro

só um amor verdadeiro para cada amante forasteiro,

errante na amorosa natureza a flechar

delibera e ternamente homem e mulher

com uma cola definitiva e poderosa,

atando-os desde as primeiras etapas do conhecimento mútuo,

tornando-os cativos totalmente alucinados

pela química da obsessão em amar

e tomados pela doença do enrabixamento grave,

nas águas hormonais arrepiantes.

Sim meu amor,

a ansiedade desregrada por este estado

agravado de amor perfeito,

nos enveredou nos mais árduos cumes da esperança

e em almos suspiros nos desnudamos, alma em punho,

frente a látegos e oásis vãos, tolas fantasias, brilhos efêmeros

sem por nada jamais, em tempo algum,

deixamos calar o instinto sagrado,

que nos impelia um ao encontro do outro,

para degustarmos a vida saborosa dentro dos lábios do outro,

apreciarmos os mistérios incompreensíveis e candorosos

um com nos olhos do outro,

para tatearmos o destino que se estica à frente um com nos pés do outro,

de modo a sermos sombra única de uma gota orvalhada

e cicatriz única de passos integrados,

que marcharão juntos para sempre

todos os caminhos por onde rosais do amor florirem.

Enlevo total, céus despetalando canções,

corpos entrelaçados num só,

pensamentos adivinhos se deflorando,

tanto quanto os sexos se penetrando

ao grito de volúpias guardadas

e semeadas a suor de desejos contritos,

pararam o giro da terra,

porquanto amor meu,

a partir de nós no amor dissolvidos,

inicia-se a nova era etérea,

afetada pela nossa mudança de órbita.

Beijos que falam e mãos que completam faltas,

jamais seremos os mesmos

e tão pouco a terra, os mares e os ares.

Tudo são melodias imortais peregrinando na fímbria

que os nossos gemidos de amor desenharam,

tudo são ânforas entornando raízes

para que respirem libertas

e refloresçam na alegria,

plenas e fecundas quanto nosso amor

sonhado, esperado, encontrado e abençoado por Deus.

Santos-SP-14/11/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 14/11/2006
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