Multiplicador da paz

Conta a estrada ao abismo

que muitos dos deste

por lá estiverem;

e, esperançosos,

desentranharam interações chistosas,

(malgrado o fim que lhes aguardava).

- Feitos de aço é que não o são.

E o abismo, equânime,

questionou à estrada a quem a remição deste apetecia.

A estrada, sagaz,

vislumbrou do longe que,

ainda que surreal,

vários dos muitos buscavam, em vida, santificação;

dessarte, em estado contemplativo, pôs-se a cogitar.

Como se o abismo lha pressionasse,

disse-lhe ela, amena:

- Leva aquele.

- Este? Outros há tão mais fies...

- Fies, sim; mas enxergas pelo lado errado:

Aquele não buscou santificação, é fato; todavia

buscou a si mesmo (apenas!),

em uma incessante busca de melhoramento.

- De nada vale um santo estúpido, abismo,

vale mais o laborador gentil e cordial:

É o dono da docilidade crua (da realidade absoluta);

É o consequente multiplicador da paz.

- Feito de aço é que é o são.