Mar aberto

Eu quis, pedi, implorei e tudo aquilo passou. Sonhava com tardes quentes, colchão macio e que meu coração só disparasse de paixão.

Vivi numa realidade que não queria. Não simpatizava nem com o meu reflexo no espelho, nem com o resto.

Eu me via nadando em mar aberto, sem bóia, quase sem fôlego e sem possibilidade de chegada. Por muitas vezes pensei em desistir, em parar de nadar e deixar meu corpo afundar, mas sempre que isso acontecia, eu via peixinhos minúsculos nadando livres e sem medo naquele mar todo e via meus amigos, bem longe, na beira da praia acenando e torcendo por mim. Então eu respirava fundo e dava mais umas braçadas. Por muitas vezes me deixei afundar, senti a água começar a entrar no meu corpo doído, doente, mas algo me empurrava pra cima e eu continuava.

Um dia cheguei ao outro lado e tudo o que eu queria era riso frouxo, costas sem dor, medo sumido. Nessa noite, sem aviso qualquer eu dormi e sonhei gostoso. Nele eu estava beijando quem eu amo, rodeada pelos meus filhos e dentro de mim, ao invés de angústia e medo, eu tinha uma nova vida crescendo, um ser, um salvador de mim mesma, um marco de renovação, um bebê. Aí quando eu acordei, descobri que finalmente era tudo verdade...