A CIGANA LEU MINHA MÃO

Saí sem destino, à procura de mim mesma.

Andei horas a fio e a tarde já principiava

chegar com aquele vento suave e fresco,

soprando em meu rosto,

parecia querer acariciar-me.

Foi quando distraidamente passou
por mim meneando a cabeça com ligeiro sorriso,

uma linda e alegre Cigana,

toda enfeitada de jóias, a saia longa,

bastante rodada, levava rosas vermelha

e seus cabelos tão longos
chegavam-lhe à cintura;

envolta numa rica mantilha de rendas

bordada. Mesmo alegre ela quase não sorria e
olhava-me com seriedade.

Ao ver tanto encanto, parei no caminho.

A Bela cigana também parou dizendo-me:

- Olá, como te chamas? (com sotaque espanhol).

Eu lhe disse meu nome e indaguei o dela.

– Eu sou Natacha.

Sempre com aquele encantador jeito de falar (espanholado), prosseguiu:

Senhora, que procuras em meio

a esse mundo tão distante de todos,

e qual o motivo de tanta

desventura em teu belo coração?

Não passa por tua cabeça que os caminhos

da vida são muitas vezes diversos do que acreditamos, e que as pessoas são todas mui diferentes do que pressupomos?

Não te passa que as atitudes dos outros

não são creditadas em tua cota celestial?

Cada criatura que habita esta terra, tem sua

história, suas limitações, erros e defeitos,

bem como grandes qualidades.

Recorda-te, Senhora,

que cada Ser vivente será responsabilizado

por todas as suas atitudes e comportamentos.

Ninguém escapará da Lei Divina.

Importa, pois deixar de lado

qualquer tristeza, qualquer sentimento

que distraia o teu andar.

Bela Senhora, vê aquela borboleta azul,

pousada bem ali.

Em sua inocência ela jamais pensaria

que pudéssemos prejudicá-la.

Ela não conhece a maldade, sequer

imagina que existe maldade.

Se não a molestarmos, ela viverá

para sempre acreditando na beleza

e bondade do Ser humano.

É que o mundo das borboletas

é um mundo isento de competições,

isento de decepções.

Sabe, Senhora, muitas vezes é preciso

ser como as borboletas azuis,

viver o presente e ser intensamente a si mesma,

não correndo o risco de se ferir .

Dando um largo sorriso a encantada Cigana

soltou minha mão e disse-me:
até mais, Senhora,
cuida-te e viva o teu presente,

livre de qualquer aprisionamento que possa

impedir-te de cumprir teu roteiro.

Busca tua identidade e apruma-te novamente e

firma-te em teus valores.

Sabes o que é certo e bom

para tua vida.

Ninguém melhor que tu sabes o que

deves fazer.

Aqueles que destruíram teus sonhos, que te

Mataram a alma, serão punidos e sentirão

 o peso da mão da Justiça divina.

Boa sorte Senhora.




*Imagens do Google *




MARLLENE BORGES BRAGA