A peleja de Douglas Sanoj com David Bowie na Cidade dos Miguéis

Prenderam alguns revolucionários

Mas, a revolução continua, confirma a facção

Nessas ruas que levam à praça central, explode a indignação dos que querem mudanças

Saia daí camarada, afinal, política nunca foi o seu forte

Eu estou tão doente agora, por sorte...

... Verme, porque você vem aqui me perturbar?

E, porque você fica por aí quando eu te chamo?

Sinto muito meu amigo, pelas cobranças, tantas

Desconfianças, eu; eu desejo que você possa me ouvir

Como os golfinhos e os tubarões, como os golfinhos podem nadar

Em meio aos tubarões sem serem atacados

Embora nada, nada possa mantê-los separados

Do mesmo meio aquático; nós podemos combatê-los?

Utizando-nos da arte, poderemos ser heróis por um dia?

E eu serei um rei, um astro, um anônimo?

E você, você será sempre meu amigo, amigo do rei

E ninguém poderá nos tirar isto, antônimos

Jamais seremos expulsos de Pasárgada?

Ei de desafiar o mainstream e sua rudeza

Significará falhas de comportamento e muita destreza

Beberei em sua taça para celebrar esse momento

Porque nós estamos condenados à essa vida sem nobreza?

Isso é um fato; sim, também estamos apaixonados pelos dentes do Jonnhy Rotten

E vamos nos casar, cada um na sua cidade, seremos padrinhos recíprocos, "wanteds"

Ainda assim, nada nos manterá separados por muito tempo

Poderíamos roubar uns instantes de nossas garotas?

Nos encontrarmos para podermos ser heróis em plena segunda-feira

Originais, concretizaremos o plano, um de cada vez ou simultaneamente?

O que diríamos na hora da transformação?

Da mente, avante, vamos em frente!

Desejo que você possa mergulhar na imensidão...

... Um homem no fundo, dominando os confins dos oceanos

Eu, demasiado humano, podendo correr e saltar as montanhas

Pelo que estavámos esperando, pelos céticos?

Tintos finos, inimigos alados e seus raios elétricos?

E nosso tempo corre numa outra velocidade, quebra-nos a taça

Nessa cidade de luz selvagem, minúscula e promíscua com um milhão de ruas

Sem perspectivas toda vez que eu penso em percorrê-las

Parecia que o gosto amargo vinha antes da ação das putas nuas

Há Vicious, há Dylan, há Erasmo e não éramos tão doces como parecíamos

Insistíamos e vivíamos essa fraterna relação à frente do espelho acima do balcão

Negro e me deparei comigo mesmo, entretanto eu nunca peguei suas rápidas idéias

Nem um olhar minucioso para identificar os morféticos falsificadores

Eu estou perdendo velocidade para fazer aquela prova da virada

Carreiras, mudança de comportamento

Já não sei para onde vou...

... Encare o estranho som que vem do Bistrô Del Monte

São os Retinas Queimadas, o Mr. Klove ou talvez Tião Waits?

Não queira ser influenciado pelo que não te agrada

In Vinu Veritas, basta se reinventar frequentemente e ser

O que o tempo quizer que seja, invariavelmente

Mas, eu não posso voltar a ser o equivalente a você

Constantemente, essas ondulações mudam o tamanho da canção

Nunca deixaremos o fluxo de percepção esfriar nossa parca noção

E assim, só assim os dias flutuarão por nossos olhares empíricos

Naquele bar temático eles se parecem os mesmos dias de sempre

Fatídicos dias, sempre os mesmos dias, como crianças que correm no mesmo parque, sempre

A esmo... Sempre!

Porque elas vivem tentando mudar os próprios mundos?

E são imunes as consultas com aquele gordo doutor de jaleco imundo

Branco imundo, elas estão bastante atentas aos medicamentos manipulados

Não lhes digam para crescerem, fora disto só a dor e decepção

Não lhes digam para não ouvirem aquele disco do David Bowie

Onde está a vergonha que você nos trouxe ainda à pouco?

Até nossos pescoços se atolaram nisso

O tempo poderá lhe fazer mudar?

Mas você não pode mudar o tempo

Estranha fascinação, me fascinando, lhe fascinando

Mídia em MP3 tocando... Mudanças estão levando nossos discos, nossas fitas

Nunca imaginei passar pelo que estou passando

Olhe brevemente, todos nós envelhecemos

E, ainda posso me lembrar que fiquei parado nesse muro

Esperando aquele ciclista empoeirado voltar

Voltar e trazer a encomenda, aquelas armas apontando sobre nossas cabeças

E nós beijamos a encomenda, nada poderá inibir a ansiedade

A vergonha está do outro lado, nós poderemos combatê-la?

Reitero, podemos ser heróis por um dia também na terça-feira

Podemos ser heróis, sim, podemos ser heróis na quarta e na quinta feira!

Antes de descobrirmos que somos nada, e nada nos ajudará na sexta e nem no sábado

Talvez estejamos mentindo, então é melhor você desligar seu domingo

Aquele vídeo... “Diamond Dogs” que tanto te irrita

Se isso lhe deixar mais seguro, falaremos mal do David Bowie

Você só vem aqui para me dizer coisas sobre o Bruce Springsteen

Dizer-me que preciso ouvir “I wanna be your dog”, erguer o braço e dizer: Sim!

Que Iggy Pop é sensacional, que eu preciso conhecer sua obra com os Stoogs

Que descobriu um filme sobre Pink Floyd e o Mágico de Oz no youtube

Mas, você sabe muito bem que as músicas do Morphine e do Interpol tornam as coisas mais fáceis para mim

Ah meu amigo, você conhece minhas fraquezas musicais...

... Entre as quais, venha e não me pergunte sobre os sons antigos e aqueles filmes em P & B

Que eu lhe presenteei e você nunca os assistiu

Perda de tempo, não era a prioridade do momento?

Azul, cinza, verde e vermelho colorem meu “Jardim elétrico”

E essas são as cores do meu quarto, onde eu vou viver o azul marinho e o azul celeste

Lembra-te daquele cego esquálido, o mesmo que desenhou aqueles ciprestes?

Impressionista, desenha todo dia os mesmos ciprestes

Afinal, já não há mais nada para fazer, nada para dizer, inconteste

Agora, montador de móveis, azuis marinho, azuis celeste... Azuis atrozes

Ficarei sentado a esperar pelo presente sonoro que vem pelo correio

E a imagem, eu vou cantá-la pelo passado e pelo futuro, pelo hoje

Da minha visão, num Gol vermelho e da tua voz em devaneio

Companheiro, dentro da minha cabeça, perambularei com minha solidão

A sós, você não se pergunta às vezes sobre o som, o olfato, a visão e a audição?

Você é o único que me telefona com os cinco sentidos, pois não...

Alô... Porque você me manda torpedos tão tolos, mas cheio de significados e simbologias?

Sinto muito, minhas aspirinas acabaram, eis a dor...

... Quando você vier aqui, pedirei desculpas por

Não estar à espera, as coisas ficaram difíceis para mim

O som que me mostrou invadiu o meu quarto, agora o toco para ler o meu diário poético

Era só para ler e ver todas as coisas que você já sabia na prática

Que eu tinha escrito sobre você em meio à tantas ilustrações

Eu estou tão doente agora que vivo tendo alucinações

Mesmo durante o dia, as mesmas e velhas Alucinações Burocráticas...

*Douglas Sanoj é uma personagem fictícia do romance "Vermelhos como chama".

Marciano James
Enviado por Marciano James em 30/04/2011
Reeditado em 08/04/2012
Código do texto: T2940110
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