Lou Reed na sala de jantar

Estamos todos reunidos na sala de jantar

E, roemos as unhas uns dos outros

Já que, não há como roer as nossas próprias

Eu olho pela janela de vidro e só percebo construções utópicas

Parece ser muito fácil fugir desse lugar decadente

Mas, as últimas notícias vindas daquele velho jornal

Avisam-nos que, devemos permanecer trancados mantendo a calma

Afinal, não é bom sair por aí numa fria noite de natal

Estou cansado demais para pedir sua mão

Nela, percebo que não há mais unhas aptas ao rôo

Aqui, todos sonhavam com altos cargos de diretoria

Investidores da bolsa, exploradores de petróleo, comerciantes de especiarias...

... Hoje, só vemos o calçadão sujo repleto de cachorros imundos

Encharcados pela última chuva, hospedeiros de pulgas e carrapatos

A noite está límpida e podemos ver as estrelas, ouvir o barulho dos sapatos

Também ouvimos um concerto... Acho que vem do Teatro Central

As ruas trazem malícia e crianças vendem rosas de plástico nas esquinas com semáforos

Quando estão todos vermelhos, as prostitutas se aglomeram oferecendo seus serviços

Fico observando como selecionam seus clientes a dedo

De repente, achei a sorte, encontrei um livro dentro da lixeira

E, enquanto ter que permanecer aqui, lê-lo-ei...

Até que eu descubra realmente o que ele quer dizer

Pois, não é sempre que se encontra um clássico na lixeira

Apoio-me na cadeira e começo pelo capítulo que terminei na última terça-feira

*A Lou Reed

(02/03/1942 - 27/10/2013).

Marciano James
Enviado por Marciano James em 03/05/2011
Reeditado em 24/05/2014
Código do texto: T2946334
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