UM POEMA É

Um poema é a fumaça fétida das chaminés

É o lodo dos canais imundos

É o esgoto que represa sob as palafitas

É o andrajo dos mendigos

É a estatueta disforme feita pelo hippie

É a fome das crianças da favela

É a desnutrição dos adultos do sertão

É a estupidez do homem urbano

É a labareda incandescente que destrói o cerrado

É a motosserra zoadenta que devora a floresta.

Um poema é o motorista irritado nas marginais do Tietê

Amedrontado na Linha Amarela

É o camelô que foge arrastando bugigangas

É o rapa que apreende mercadorias na calçada

É o policial sem colete que troca tiros com bandidos

É o bandido que massacra crianças indefesas.

É o parlamentar sentado na cadeira estofada proclama que a lamúria deste poema é a maldição da sociedade.

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 07/05/2011
Código do texto: T2955369
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