VIOLÊNCIA MENINA

E seu leve semblante de inocência e encanto apedrejado pelo ritual urbano dos dias. O viço natural dos lábios infantis sufocado pelo vermelho de peso do batom. A serenidade negra da pele virgem mutilada com pontas de cigarros em brasas!

Os motores, a tormenta, os dissabores...

A desigualdade, o caos na cidade...

Uma pedra, o pó, o cachimbo – seu pão – e um corpo deflorado por famintos dementes das ruas...

E sua alma convertida em sangue secretando no sexo carne crua...

E sua dignidade estuprada pela violência da vida...

E sua vida na poeira das esquinas...

E sua vida como noite eterna estraçalhada pela prata pontiaguda de um punhal!

(Primeira publicação em 03 de julho de 2009)

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 14/05/2011
Reeditado em 26/06/2011
Código do texto: T2969132
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