A QUEDA DO RUÇO

É quando o Céu faz amor com a Terra.

O ruço vai descendo de mansinho, quase despercebido, vem descendo, abraçando montanhas, envolvendo vales, tocando a terra com os seus gélidos lábios.

E a terra que não tem como e por que fugir dele, espera ansiosa, tremulando as copas das árvores... o seu amante vem chegando.

Os pássaros fazem-lhes uma silenciosa serenata: voando e planando por entre as árvores onde o ruço já cobriu.

O Sol, enciumado, se esconde para não presenciar tal ato. O Raio, o Vento e o Trovão voam para bem longe, para não perturbar este idílio. A pálida Lua, madrinha dos enamorados, vez por outra aparece para presenciar este ato de amor.

E depois desta irresistível sedução, o ruço toma conta da terra. As pessoas se arrepiam, e os leigos ainda dizem:

-Que frio!!!

Mas nós sabemos muito bem, que esse arrepio é a emoção de presenciar e participar deste ato de amor....

Não depende das estações do ano, como não depende da temperatura, pois tanto nos dias ensolarados ou nos rigores do inverno, o ruço pode descer.

Este espetáculo pode durar uma tarde ou uma noite inteira, depois o ruço se dissipa e nós nem percebemos. A terra dá adeus ao seu amado.

Após este colóquio amoroso, a terra fica toda umedecida, agora muito mais fértil, onde o sêmen de ato, nada mais é que gotículas de orvalho, que mantém perenes as vegetações das florestas, campos e jardins.

O Sol reaparece, inundando de luz vales e montanhas, embelezando mais ainda, nossa querida Petrópolis!

ManePorto
Enviado por ManePorto em 22/11/2006
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