[Há Evidências...]

Há evidências... há evidências...

E o que pode ser

mais chocante,

mais aterrorizante,

mais venéfico,

mais instigante do desejo de matar,

mais combustível, e mais comburente

do verdor cortante e sanguinolento do ciúme,

que as tais "evidências"?!

Nada!

Ah, o ato falho, a conversa encostada,

a comunicação inconsciente do fato,

a conversa escutada "sem querer",

vinda da mesa ao lado desta minha,

onde amargo sozinho as piores suspeitas,

onde rumino o quê... senão as "evidências"?

Todo mundo trai, todo mundo...

O próprio mundo, penso enquanto aliso o copo,

sim, o próprio mundo é feito só de traições...

Na hora de partir, chove forte, chovem pedras!

A vida é traição, sempre, e até o fim!

Ah, quantos cascavéis são necessários

para compor o veneno de apenas uma evidência?

... E do outro lado da rua, sentado no meio-fio,

eu bebo o calmante gelado de uma caipirinha,

[feita com uma pinga de Minas, é claro],

e sorrio de quem é sério... ou, no mínimo,

pensa que isto de viver é sério!

[Penas do Desterro, 27 maio de 2011]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 27/05/2011
Reeditado em 03/04/2012
Código do texto: T2995982
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