O grito

Esfregava a tinta que manchava os dedos da mão com um olhar incrédulo, não acreditava que acabará de cometer o erro que não suportava - por negligencia havia esquecido uma caneta no bolso esquerdo de sua jaqueta. A cor vermelha da tinta irritava e a frustração acompanhou o moletom e camiseta que iam sendo abandonados pelo caminho, num gesto que poderia muito bem ser de ira, raiva, porém apenas era de um desanimo incalculável. Previsível, sua trajetória era em direção ao banheiro, para diante do espelho, tentar remover a mancha com sabão e água. Não há maior grito do que o quieto. Com os olhos grudados em seus olhos e a pele intacta, teve a violenta necessidade de compartilhar a temperatura de seu corpo, a grande culpada pelo borrão vermelho em seu peito.