Dois caminhos e nenhum rumo
Duas portas e nenhuma saída
Duas janelas escancaradas
E nem sol e nem lua clareiam
Duas insistências infelizes
Uma resistência de entrega
Uma persistência no mesmo erro
E preciso decidir por onde ir
Estes caminhos se fecharam sobre si mesmos
Estas portas foram lacradas na demência
Estas janelas dão para abismos
Uma incongruência em tentativas
Tornou sórdida minha entrega
Por não ter sido sentida em sua real dimensão
Apenas um consentimento por vago interesse
E naquele momento eu desnudava minha alma
Aquela gentileza do meu coração era genuína
Mas foi lançada junto às brasas da lareira
Derreteu e evaporou pela chaminé colorida
Tentei ir além do que poderia e fui
E tentei mais e mais até não poder mais
Porque furtei do meu coração o que já nem havia
Expliquei as mesmas cores detalhadamente
Narrei os mesmos fatos velhos com cuidado
E comi sem sentir o sabor o mesmo doce enjoativo
A radioatividade daqueles gestos alheios me contaminou
E adoeci no vértice que se abria a minha frente
E me cansei de tentar escolhas inúteis
E desisti daqueles caminhos que a mim se apresentavam
Optei pela segurança do meu quarto em silêncio
A espera que minhas asas se renovem
E refazendo-me voarei pelo sótão da minha alma
Na certeza que há muitos e muitos caminhos
Mas que só posso ver do alto da minha agonia
E é por ele que irei livre de antiguidades
Descansada da rotina da dor que se tornou companheira
Sairei desta transformação a qual me dei em rumo ao desconhecido
Ao sabor de novidades que ainda não ocorreram
Nenhum dos dois caminhos que estão diante de mim agora será percorrido
Morrerão sufocados pela beleza da mata, mas eu renascerei...