[O Fio de Tecer o Mundo]

Aquele fio misterioso... os últimos dias no beco...

É certo que ainda falarei destes dias!

Neste momento, é o fio... e eu me exprimo assim:

... É como se, depois de tecer o mundo,

os dias voltassem sobre si mesmos,

e se pusessem, a modo de um gigante carnívoro,

daqueles das fábulas da minha infância,

a deglutir o fio usado desde o início;

é quase isto aí, quase...

Nessa imagem assim, fantasiosa ao limite do grotesco,

não me foi dado ver como os nós seriam desfeitos.

E pior, dado o simples fato de que eu sou o meu dia,

esse desfazimento torna-se ainda mais incompreensível.

Como pude ermar, vaguear, errar tanto, tanto

de sorte que só agora, quando me falta fio,

ou quando o fio remanescente torna-se duro,

compreender que o fio de tecer o mundo

nunca, nem em sonhos, me pertenceu?

Os antigos me iludiram, ou fui um louco mesmo?

Será preciso falar do Beco dos Últimos Dias...

mas em outro mood, em outro momento de mim!

[Penas do Desterro, 08 de junho de 2011]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 07/06/2011
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