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Quem não me conhece, me chama de amarga...Não sabe das horas difíceis que passei num dia, das lágrimas que chorei, das lutas que travei...dos amores que sonhei ... Não sabe por que meu cenho tem essa curva.

Quem me chama de amarga, só conhece a pessoa de hoje. Que antes era doce, e por ser doce , se machucou muitas vezes. Coração retalhado, amor desacreditado, calos cardíacos...

Dos amores que tive realmente, ainda posso usar os dedos de uma mão...dos que tive na verdade nunca me amaram, nunca me desejaram, e isso foi mais um resíduo para amargura... Amores platônicos, muitos, muitos problemáticos, guerras dentro de mim...

Adolescente diferente, nunca me enturmei com os outros, comuns se agrupam e diferentes ficam 'excluídos'. Nunca fui comum, sempre diferente, a essência, a estranha, esquisita que seja...

Quase mulher, acreditei no amor, acreditei e me magooei, me magoaram, deixei que me magoassem. Aprendi que amar dói. Decidi não amar. Esqueci da decisão. Amei novamente, loucamente. Quebrei as regras e as rédeas. Novamente, me magooei, chorei. Entendi que o amor me magoaria, se eu o deixasse entrar na minha vida. Entendi, mas não aprendi...Novamente amor, pensei eu...que nada .Muitas pessoas usam a palavra amor, para obter diversas coisas, e frequentemente te manipular e te usar. Talvez da maneira mais cruel que possas imaginar.

Tive que amadurecer. A vida nem sempre é rosa como a gente sonha. as pessoas que amamos, nos ferem, nossa família adoece, tiramos força do impossível para que o pior não aconteça. Nossos pais não são eternos, a idade vem e com ela coisas que nós humanos ególatras nos vemos despreparados e frágeis. Doenças degeneram não somente o corpo da pessoa afetada, mas também, o coração das pessoas que o cercam. A morte de quem amamos, de parentes próximos sempre parece ocupar um lugar ilusório, até que um dia, acontece de verdade e não sabemos o que fazer. Eu me vi nessa situação, e me vi tão forte como jamais pensaria. Dobrei meus joelhos a Deus e pedi forças, Ele me deu. Pedi sabedoria e um sinal para que eu não sofresse mais, Ele me deu.

Numa atitude extremamente covarde eu percebi que eu não estava mais me dando o devido valor. Então eu para obter resultados diferentes, tomei uma atitude diferente. Eu mudei.

São raras as pessoas que me viram chorar, porque meu choro não é um cacho de bananas. Choro por motivos nobres. Claro que me emociono muitas e muitas vezes, mas prefiro que somente pessoas bem próximas vejam minhas lágrimas. Inimigos adorariam me ver numa situação assim. Assim meu amor também é restrito, agora. Depois de muito doar e pouco receber, prefiro esperar os sinais de afeto para doar os meus.

Não sou amarga. Eu me protejo. Uso armadura. Assim como o meu cavaleiro empunhando uma espada ou uma tulipa, no cavalo branco, nos meus sonhos mais secretos... onde sim , me sentirei a vontade para abrir o leque diverso de todos meus sabores, do doce até o picante...