Devaneio neoquixotesco

Ah, acuda-me neste momento, minha senhora! Minha dama, rainha e mais que rainha, imperatriz e musa, mais que musa, nunca suficiente elogiada, dama sem-par tal qual Dulcinéia; dama de formosura sem igual, quisera eu procurar onde é a El Toboso desse novo mundo, para que lá a encontre, divina, graciosa, para que reconhecesses assim o valor dos feitos valorosos e agravos desfeitos por meu forte braço. Quisera eu sempre, em minha eterna jornada onde a todo momento olho o céu, teto do mundo, e lembro que cada estrela do firmamento é uma lembrança que tenho de tua iluminada beleza, mas não posso, minha senhora! Não posso! Preciso ainda caminhar, e andar, e lutar, e lutar, e lutar incessantemente contra exércitos e gigantes, cavaleiros e patifes infames, sem saber para onde vou, e só descobrindo o que devo fazer no calor das batalhas, batalhas muitas que estão sempre a me esperar. Destino cruel é o meu, minha senhora, destino que parece ser desdestinado, onde não sou acompanhado por nada além da própria ceifadora, que quer ser escudeira de minh'alma. Ai de mim, dama das damas, preciosidade extrema dentre todas as preciosidades! Ai de mim! Ai de mim que só tenho o amor por ti como escudo e a vontade de prostar-me a teus pés como lança! Ai de mim que só tenho ais e suspiros, e não tenho o som do teu suspiro a não ser em minha memória. A memória que por vezes me falha, e que deve estar mais fresca que a grama do orvalho, para que ao fim de minha jornada possamos nos encontrar novamente, minha senhora! Ai de mim, que por mais famoso, valoroso e não suficientemente elogiado, sem ti sou menos do que o nada. Ai de mim... pois o mim só existe contigo, minha senhora.

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Dija Darkdija
Enviado por Dija Darkdija em 18/06/2011
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