Quase por acaso

Estava realmente escuro

como um labirinto nunca visto

abarrotado de sombras e sustos.

Pareceu-me que nunca mais teria luz.

Mas há o acaso.

E a claridade abriu espaços

e de frestas em frestas

ante meu olhar quase que incrédulo

surgiu o Éden.

Colorido, suave, quase musical.

Vacinou minha alma doída

e injetou sonhos.

Tantos, fartos, alcançáveis.

E flutuei como pássaro

E visualizei o infinito

Não há mais o medo

Nem mesmo o mistério

Antes absurdamente insano.

Por acaso, o vento varreu

o que não era coerente.

E ficou para a eternidade

o que era poesia.