RESPOSTA À POETISA

Os eus, os outros, que por vezes encontramos na solidão e em outras na multidão ou simplesmente naquele ou naquela que nos completa – não para a vida toda, mas por aquele instante.

Neles e em nós encontramos os pontos intocados, os pontos perdidos, confirmados às vezes pela memória olfativa em uma flor que chega ou pelo estatismo matemático de uma psiquê colorida – que adivinhamos terem sido desenhadas suas asas com as mãos – e por outra que voa a nossa volta – da cor de nossa roupa sombria, prenunciando, como num ponto de encontro no tempo e no espaço, uma experiência escatológica.

Quase sempre é essa a nossa maneira de assimilarmos a vida. Somos poetas e quanto mais adentrarmos em si mais seremos, mesmo que resolvamos não mais pegar em papel e caneta.            

Felizes, poetisa, são os que se detém apenas em seus fantasmas coloridos, por vezes criados por máquinas eletrônicas. Porém, maior felicidade podem alcançar os que buscam os seus fantasmas coloridos e cinzentos, muitas vezes atiçados pelos demônios e pelos anjos exteriores. É nessa dialética tortuosa e terna que alcançamos chispas de glória ao conhecer e subjugar muitos e muitos desses fantasmas.