Deixamos acontecer...

Cessam os ruídos ao entardecer.

O sol se despede para que tudo se cale... É noite, nossa é a noite...

Deixas que me consuma esta espécie de chama quente e ardorosa em que o sangue se transforma. Pulsa em ritmo incontrolável e quase sufocante. Vai-se o sono das minhas noites, o meu sonho vira andarilho pelos espaços, único caminho para te encontrar.

Sente, então, que sou incansável viajante a te procurar. Descanso minha cabeça em teu peito e procuro o teu abraço.

Abraça-me... Pode ser que minha alma se sacie... A penumbra exalando um perfume de desejo, a necessidade de contar meu dia, o prazer de estarmos juntos...

Sabes porque as noites têm madrugadas e são escuras? E por que são silenciosas?

A madrugada aproveita a escuridão, deixa-se beijar pelos silêncios e penetra nas mentes amantes para que se deixem amar. Saem a vagar, pelas almas distantes, os desejos e os sonhos, para aplaudir os encontros que enfrentam os céus e desafiam o mar.

O encontro de nossos espíritos é tão forte, que os corpos estremecem e provocam prazeres, latejam suor, penetram em audazes viagens sem terra e sem ar.

E a noite, como manto de paz, deslumbra esta guerra de emoções e de batalhas renhidas, de sangue latente acelerando os sentidos pela vitória de mãos que acariciam e seduzem.

E aí estamos nós... Verdadeiros momentos.

E somos nós que deixamos acontecer...

Somos só nós...

Ida Satte Alam Senna
Enviado por Ida Satte Alam Senna em 29/11/2006
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