Vivre sa Vie

“È necessário se emprestar aos outros e dar-se a si mesmo”

Ela o estava esperando ao lado de um saxofonista. Não sabia o que aquele homem ao seu lado estava tocando, ainda não sabia. Os dentes arrancavam dos lábios alguns pedaços de sua própria carne. Esfolaria a si mesma se tivesse mais tempo, porém decidiu seguir as luzes. Não havia fumaça, apenas o odor de homens que se divertiam. Comprou uma ficha, colocou na máquina e começou a jogar. Todos a cercaram, gritando e torcendo por sua vitória. Não era só beleza, era habilidade. Ninguém ousará tocar nela, tomou um porre e discutiu política. Sentia a si cada vez mais. Suas pernas doíam, teve vontade de deitar. Saiu, esticou o braço e chamou o táxi. Esqueceu dele, esqueceu do seu mundo, esqueceu o que roia. Apenas teve tempo de falar: “Pra qualquer lugar!”, e desmaiou.