A MOÇA
Numa noite em que a pasmaceira da cidade iluminada pelas luzes da energia elétrica, era que denotava existir a mão do Homem.
Na rua, o ruído de passos, se não fosse isso diria que não haveria pessoa alguma, a andar naquela noite.
Solitária, sentada em sua porta, aquela moça procura algo em que possa ocupar seu espaço, seu tempo.
Ouve o cantar de cigarras.
Mais adiante, um vaga-lume com sua luzinha no lusca fusca, prende por alguns segundos sua atenção.
Logo um cheiro agradável penetra em suas narinas.
Procura e vê. As flores estão abertas, por isso o odor tão envolvente.
Os latidos dos cães ao longe incomoda, como se com isso quebrasse aquele encanto em que se encontra.
Procura outra coisa com que ocupar-se.
Levanta a cabeça, e olha o céu.
Não existe nenhuma estrela, algum pontinho luminoso para fixar-se...
O céu está nublado...Que pena!
Só! É assim que se encontra, mas ao mesmo tempo, é como se sente bem.
A brisa da noite roça seu rosto numa carícia, refrescando o seu corpo.
Fecha os olhos, para que o frescor da noite a possua.
Como o amante bem-vindo, num momento de amor.
As árvores balançando os galhos, transforma-se em música, os chiados que as folhas fazem, roçando nos galhos, torna-se uma melodia divina.
Embevecida, não vê que o tempo passa, e que a noite desce, cada vez mais e mais tornando a cidade sombria.
Na sua porta deixa-se ficar...
Como se viver para ela fosse ficar assim...
Ela e a natureza.
Belém, 18h15
Obra: Gotas