DIÁLOGO CASUAL

Há tanta coisa que deveria silenciar, mas não o faço. Tanta angústia, tanta inércia, tanto mal-humor para pôr em Teus braços. Há tantas palavras de amor, de esperança e de gratidão para dizer. Mas não digo. E continuo assim, vivendo num mundo inimigo, onde viver parece ser tão insosso. Algo quase sem cor, sem ardor, bebendo água sem gosto. Disseram-me para rezar. Mas o que quero é contar-lhe os fatos, narrá-los ao bel-prazer de minha doce tragédia. Que aliás, é tão fajuta! E só de dizer isso, sinto-me leve. Sou assim mesmo, alma quase bruta. Esperando pelo bom que a vida me deve. E o que eu devo a ela. Sair assim, das grades da janela. E povoar. E perturbar. Quem sabe mendigar pelo sal que me falta. Ou pedir a Deus a liberdade, como paciente que pede alta. Mas quanta tolice! Sou livre. Você me fez assim! E é Você, que fala agora, através de mim. Obrigado por isso! E olha, aprendi a ser grata também. Vamos continuar neste fiel compromisso, Você me dá o dom e eu digo Amém.

Andrea Sá
Enviado por Andrea Sá em 06/07/2011
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