PROCURANDO VOCÊ

Numa cidade estranha, cada minuto parece uma eternidade.

Em cada lugar que vou, em cada rosto que vejo: busco você!

A distância, os quilômetros percorridos, separam-nos.

Em cada esquina, nas praças, nas lojas, em cada carro que passa, penso que vou encontrá-lo.

As pessoas à minha volta, estranham meu jeito de ser.

Não ligo, sei que a minha busca não será vã.

Saí de casa na esperança de encontrá-lo.

Subi no ônibus.

Olhei... ao longo das cadeiras, procurei...

Rostos inexpressivos.

Rostos sorridentes.

Rostos resguardados.

Foi o que vi...

Sentei-me.

O motorista pisou fundo no acelerador.

Com a velocidade, os meus pensamentos tornavam-se velozes.

Olhando pela janela, em cada vulto que passava, imaginava ver você.

Sinal fechado.

O ônibus parou.

Verifico em cada carro que passa, as pessoas que dirigem, os passageiros dos ônibus que param ao nosso lado.

Nada...

Sinal verde.

Envolvida na minha busca, ouço ao longe o apito do guarda de trânsito, pista liberada, ânsia de encontrá-lo, o meu cérebro trabalha rápido, às vezes provocando visões.

Aquele modo de andar, aquele jeito de vestir... Os cabelos, ou o sorriso faz meu coração querer sair.

Os carros passam e eu constato que foi ilusão.

Em cada parada observo as pessoas, que estão aguardando para seguirem os seus destinos, sem perceberem que eu procuro alguém que talvez esteja também como elas.

Sofro depois de cada investigação, de cada decepção...

Será que ainda não é desta vez...

Que encontrarei você??

Belém, 18h30

Obra: Gotas